quinta-feira, 5 de maio de 2016

[As Letras da Maria 03] Resenha em DUPLA - Max e os Felinos - Moacyr Scliar


** As Letras da Maria apresenta: RESENHA EM DOSE DUPLA **

Capa da edição mais recente da obra,
lançada pela Editora L&PM

Para este mês eu (Anne) propus para a Maria José, colaboradora do "As Letras da Anne" e autora do Blog e do Canal Pétalas de Liberdade, que nós duas lêssemos o mesmo livro "Max e os Felinos", que estava parados em nossas estantes e fizéssemos uma resenha dupla. 

Confesso que na teoria foi mais simples que na prática, mas ambas lemos o livro curtinho - eu na versão pocket e ela na versão capa dura - e gostamos da experiência. 

Foto tirada pela Maria, do livro dela, versão capa dura

Abaixo, confira nossas opiniões sobre alguns pontos importantes da obra. Espero que gostem!


Sinopse: O alemão Max, um garoto sensível, cresceu sob a severidade de seu pai que sempre lhe incutiu medos e inseguranças. Envolve-se, mais tarde com Frida, esposa de um militar Nazista, o que faz que tenha que abandonar o país. Em meio a viagem de barco, é obrigado, graças a um naufrágio, a dividir o pequeno espaço de um barco com um imenso Jaguar, um felino que sempre lhe aterrorizou. 


O Autor:


ANNE: Quando eu estava no colégio, era obrigada a ler Moacyr Scliar - primeiro por ele ser um escritor judeu e gaúcho, depois por ser tio de uma colega minha de sala. Não lembro quais obras tive que ler, mas acho que foram três, incluindo "O exército de um homem só". Não lembro nada da leitura. Eu não gostava dos livros dele, pois apesar de serem livros curtos, era custoso para mim lê-los. Então rolava ainda um "trauminha" de Moacyr Scliar, quando peguei "Max e os Felinos” para ler, mas hoje em dia, já adulta com 30 anos, talvez eu gostasse um pouco mais do estilo dele.

MARIA: "Max e os felinos" foi meu primeiro contato com a escrita do Moacyr Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 - 27 de fevereiro de 2011), até então eu só sabia o nome de uma ou duas obras escritas por ele.

O Livro:

Capa antiga da obra.

ANNE: Além de esperar não gostar (devido ao trauma), esperava que a história do livro fosse similar ao enredo de "As aventuras de Pi", o filme. Esperava também que a história fosse sobre um protagonista judeu (como é costume do autor) e que a metáfora dos felinos fosse claramente sobre o nazismo, mas não foi o que tive. A história é rápida, um romance de formação desde a infância do Max na Alemanha até sua chegada e vida no sul do Brasil.

A edição que eu li, apesar de ter a mesma capa da edição da Maria, não era capa-dura e era em versão pocket.

MARIA: Talvez pelas minhas expectativas sobre a obra serem bem diferentes do que eu encontrei (eu esperava algo mais fantástico ou leve e menos "adulto"), talvez pelas escolhas feitas pelo protagonista, eu não tenha torcido tanto por ele nem me sentido muito conectada a ele, ou, ainda, por ser um livro curto para uma história que se passa num espaço de tempo longo(e de leitura rápida, com a narração em terceira pessoa mas bem focada no protagonista).

Os Personagens:
Foto do meu livro, edição pocket.
ANNE: Max é o protagonista da trama, conhecemos ele adolescente e ele vai envelhecendo com o passar dos anos na trama. Ele não é judeu e sua infância é diferente da de Pi. Achei estranho mas nenhum personagem me cativou. Nenhum teve muito tempo para isso, além de Max e não gostei de Max desde o começo. Apesar disso, Max é um personagem bem construído e sua personalidade é bem marcada no livro.

MARIA: Aconteceu o mesmo com os demais personagens, talvez se a obra fosse mais extensa eu tivesse tido mais tempo de me afeiçoar a eles, o pai de Max foi um que inicialmente não gostei, mas depois essa minha má impressão sobre ele foi diminuindo.

A Trama:

ANNE: O motivo pelo qual Max teve de fugir da Alemanha, ao meu ver, foi muito fraco. Não me convenceu e assim como esse ponto, o motivo do naufrágio do navio que o levava para a América foram muito fracos. Essa foram minhas maiores decepções durante todo o livro. 

A história na verdade é considerada pelo próprio autor uma novela, não um romance. eu queria que as partes acima tivesse sido mais desenvolvidas, mas numa novela e/ou em contos, as histórias são diretas assim mesmo.

Uma questão forte no livro Max e os felinos é a chegada de Max no Brasil e como ele se aclimata no Rio Grande do Sul, primeiro na capital e depois na Serra. Conhecendo bem a história do meu estado, a vida de Max nesse momento muito se parece com o estilo de vida que os imigrantes tiveram no início até meados dos século XX nos estados do sul do Brasil, que ajudaram a formar. Muitos italianos e alemães vieram para no Rio Grande do Sul e principalmente em Santa Catarina.

O livro menciona questões históricas brasileiras como um desfile do movimento integralista em Porto Alegre e também cita vários pontos reais da cidade de Porto Alegre: bairros, ruas e pontos turísticos, sem explicar muito sobre nenhum deles, somente destacados pelos olhos de quem os conhece.

MARIA: A história é narrada em terceira pessoa e conta sobre como a vida de Max, de certa forma, sempre esteve atrelada a felinos. Quando criança, na Alemanha, o pequeno Max tinha um medo enorme de um tigre empalhado que ficava na loja do pai. Quando jovem, foi obrigado a fugir de seu país na época do nazismo, veio num navio para o Brasil, mas o navio afundou em circunstâncias suspeitas e Max ficou perdido num barquinho no meio do oceano, até que um jaguar pulou no barco com ele e o rapaz teve que aprender a conviver com o bicho. Já no Brasil, foi uma onça que entrou em seu caminho. Minha opinião sobre a obra é a seguinte: foi inferior as minhas expectativas. A leitura é fluida sim, mas ao final ainda ficam várias questões em aberto, perguntas para as quais não obtive respostas. O fato de eu estar um pouco cansada no momento de livros que falem sobre o nazismo, talvez também tenha pesado.

Comparação com "As Aventuras de Pi":

Capa do livro de Yann Martel
ANNE: Achei interessante que o livro trazia uma introdução e uma "explicação" do próprio autor sobre a questão de o livro ter sido plagiado pelo autor de "A vida de pi", livro que originou o filme "As Aventuras de Pi".  Compreendi que Scliar não parece ter se incomodado muito com o tal plágio, pois deu visibilidade ao seu livro. O que ele diz - e eu concordo -  é que o autor do Pi poderia ter entrado em contato com ele e informado que utilizaria sua ideia em Max e os felinos para escrever uma história com uma premissa parecida com a do seu livro, coisa que outros autores fazem e ele teria apreciado.
Comparando o filme de Yann Martel e o livro de Scliar, o que posso dizer é que eles são bem parecidos e bem diferentes em vários pontos. O fato é que não é possível separá-los completamente. O filme de Pi é bem mais vibrante e trata basicamente do que houve na infância do personagem título e durante o momento do naufrágio, e o livro de Scliar aborda rapidamente o momento do naufrágio e desenvolve bastante a vida do personagem Max na chegada ao Brasil após o desastre.

As motivações dos felinos em ambas as obras para mim também pareceram bem diferentes ainda que ligadas. Não vou entrar em muitos detalhes sobre isso, pois estragaria o final do filme para quem ainda não o viu e talvez o livro também. Os felinos do livro de Scliar, ao meu ver não são apenas os fantasmas do nazismo, porque os felinos aparecem na vida dele ainda na infância, quando ele nada sabia sobre isso, então eu relaciono os felinos de Scliar a algo mais profundo que isso, dentro de Max. Para saber o que, só lendo...

Recomendo muito o filme, com fotografia linda e uma história intrigante e divertida. O livro também é interessante, mas não foi melhor que o filme, para mim. Nesse caso, a criatura saiu melhor que o criador.


MARIA: Eu não li o livro nem vi o filme, mas nessa edição da L&PM de 2013 tem um artigo do próprio Moacyr Scliar sobre a questão.

Cartaz do filme "As aventuras de Pi"


Confere abaixo a sinopse do livro "A vida de Pi"...
"O narrador da história é um garoto indiano de 16 anos chamado Piscine Molitor Patel, mais conhecido como Pi. Sua família administra um zoológico na cidade de Pondicherry, mas decide abandonar o país no auge de sua instabilidade política, nos anos 70. A idéia é se mudar para o Canadá, pegando carona no cargueiro que transferirá os animais do zôo para os EUA. Infelizmente, o navio afunda logo nos primeiros dias de viagem. Há apenas cinco sobreviventes: Pi, uma zebra, uma hiena, um orangotango e um tigre de Bengala, todos salvos pelo único barco salva-vidas disponível. Inicia-se aí uma cruel luta pela vida entre cinco mamíferos no meio do oceano Pacífico. Aparentemente, Pi não tem a menor chance de escapar das feras. 



Enquanto aguarda sua vez de ser devorado, o garoto tenta encontrar alguma remota possibilidade de matar o tigre, o que é praticamente impossível: o animal está saudável, pesa mais de 200 quilos e é capaz de nadar. À beira do desespero, Pi conclui que o melhor a fazer é manter o felino vivo e dependente de seus cuidados. Esta é sua única chance. O jovem usa o conhecimento que adquiriu no trato dos animais no zoológico para domar a fera e conquistar o seu respeito. E o tigre, acostumado a viver numa jaula e a ser alimentado pelos humanos, não demora para perceber que precisa de Pi vivo. O mais impressionante é que o autor, Yann Martel, consegue dar um final surpreendente a uma história tão incomum. A conclusão desta aventura imprevisível contrapõe a grandiosidade e a mediocridade que coexistem em todo ser humano."


Cena do Filme "As aventuras de Pi"
E então?

Curioso para enfrentar felinos, mares revoltos, nazistas, instintos selvagens, vida adversa? 

Já viu o filme ou leu algum dos livros? 

Tem medo de felinos? Ou de nazistas? (ou de livros? rsrsrs)
Gostou da resenha dupla? 

Deixe seu comentário e suas sugestões aqui! 
Até a próxima!


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