Olá! Para quem não me conhece, eu me chamo Maria, tenho um blog literário chamado Pétalas de Liberdade e agora sou colaboradora no blog da Anne (como ela mesma contou para vocês no mês passado). Meu primeiro post será sobre "Garotas de vidro", livro da Laurie Halse Anderson publicado no Brasil pela Editora Novo Conceito em 2012. Eu ganhei "Garotas de vidro" em uma gincana em 2013, na época eu queria muito lê-lo, mas após ganhá-lo, acabei deixando-o parado na estante. A Anne sugeriu que eu o lesse para resenhar aqui no blog, já que era uma obra pela qual ela tinha curiosidade, e foi essa sugestão que me fez finalmente tirá-lo da estante.
"Eu olho para mim; não consigo atuar, nem jogar futebol, e a maioria delas têm notas melhores que as minhas. Mas, eu sou a garota mais magra na sala, sem dúvida." (página 78)
O livro conta a história de Lia, uma garota de 18 anos que tem anorexia. Filha de pais separados, atualmente ela mora com o pai, a madrasta e a irmã postiça, a pequena Emma. Lia morava com a mãe antes de sua última internação em uma clínica, mas depois foi para a casa do pai, já que lá ela supostamente teria mais pessoas para ficarem de olho nela.
A história começa quando Lia recebe a notícia de que sua amiga Cassie foi encontrada morta em um quarto de motel. O mais perturbador é que, antes de morrer, Cassie ligou 33 vezes para o celular de Lia, celular que ela não atendeu e agora fica se culpando e pensando se ter atendido a ligação teria impedido a morte da amiga.
Lia e Cassie eram amigas há anos, mas nos últimos tempos tinham se afastado um pouco por causa das internações de Lia (é, ela foi internada mais de uma vez por causa de sua magreza doentia). Cassie também tinha problemas com o peso, mas no caso dela a bulimia era o mais preocupante.
Minha opinião:
Eu gosto bastante de livros de sick-lit e young adults com personagens deprimidos ou sobre bullying, mas acho que "Garotas de Vidro" foi o primeiro livro que li sobre distúrbios alimentares. E diferente de outros YA que eu amei, não consegui me conectar tanto com a história escrita pela Laurie. Fiquei bem em dúvida se daria 4 ou 3 estrelas quando fosse avaliá-lo no Skoob, acabei dando 3, considero o livro bom, mas não mais que isso.
"Não me lembro mais de como é comer sem planejar tudo, anotando as calorias e o teor de gordura e medindo meus quadris e minhas coxas para ver se mereço e geralmente decidindo que não, que não mereço, e então mordendo a língua até sangrar e fechar minha boca com arame e mentiras e desculpas enquanto uma lombriga cega se enrosca na minha traqueia, fungando e cutucando em busca de uma abertura úmida para meu cérebro." (página 203)
Lia está doente, muito doente, e não enxerga isso. Ela costurou pesos em seu roupão para que a balança utilizada por sua madrasta para pesá-la (segundo ordens médias) não mostre seu peso real, ela só diz o que sua terapeuta ou os pais querem ouvir e não a verdade, seu objetivo é chegar aos 38 quilos e ela conta as calorias de cada coisa que come (quando come alguma coisa). Lia tem pais que se preocupam com ela, sua madrasta é uma boadrasta, sua irmã caçula é uma fofura, mas só o que Lia quer é ficar sem comer.
Eu não consegui gostar da Lia, não conseguia ver nela algo além da doença, não senti que se eu pudesse entrar na história e dar algum apoio a ela faria qualquer diferença; Lia não queria ajuda! A autora disse nos agradecimentos que buscou mostrar a deterioração psicológica da personagem com precisão, e talvez por ser uma narração em primeira pessoa só o que consegui ver foi essa deterioração e não uma pessoa. Não é que alguém tenha feito algo de ruim para Cassie e Lia e que tenha desencadeado problemas psicológicos para elas, parecia que elas mesmas se meteram em um problema que se tornou maior do que elas imaginavam e as engoliu.
Enquanto lia, fiquei bem em dúvida sobre como seria o final: se a protagonista ia querer viver ou se ia se entregar como a Cassie se entregou, e confesso que o desfecho teve poucas páginas para o meu gosto. A forma de narrar escolhida pela autora acabou contribuindo um pouco para eu não dar uma nota mais alta para o livro, há muitas divagações criadas pela mente deteriorada da Lia e pouco desenvolvimento da história, partes que talvez pudessem trazer algo mais instigante (como a descoberta do que Cassie tanto queria falar em suas 33 ligações ou um personagem que trabalhava no motel e que eu achei que poderia ter mais importância) acabaram não sendo exploradas como eu gostaria.
"A adrenalina entra em ação com tudo quando você está morrendo de fome. É isso que ninguém entende. Exceto por sentir frio e fome, na maior parte do tempo sinto que sou capaz de fazer qualquer coisa. (...) Toda noite eu subo mil degraus até o céu para ficar exausta e, assim, nem me dar conta de Cassie quando vou para a cama." (página 184)
Tenho que mencionar que se levasse em conta só a parte visual do livro, já valeria a pena tê-lo na estante. A capa é linda! A diagramação é ótima: margens, espaçamento e fonte de bom tamanho, folhas amareladas e boa revisão.
Recomendaria? É um livro bom sim, que trata de um tema super importante, e que eu recomendo para quem quer ter uma ideia do que é ter um transtorno alimentar, foi uma leitura que me fez entender um pouco mais sobre a anorexia e quero ler outros livros sobre o assunto.
Releria? Talvez sim, talvez em uma segunda leitura eu conseguisse enxergar melhor a protagonista.
"Não é legal quando uma garota morre." (página 5)
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado do meu primeiro post aqui no blog da Anne. Alguém aí já leu "Garotas de vidro" ou algum livro com o mesmo tema?
272 páginas
"Eu olho para mim; não consigo atuar, nem jogar futebol, e a maioria delas têm notas melhores que as minhas. Mas, eu sou a garota mais magra na sala, sem dúvida." (página 78)
O livro conta a história de Lia, uma garota de 18 anos que tem anorexia. Filha de pais separados, atualmente ela mora com o pai, a madrasta e a irmã postiça, a pequena Emma. Lia morava com a mãe antes de sua última internação em uma clínica, mas depois foi para a casa do pai, já que lá ela supostamente teria mais pessoas para ficarem de olho nela.
A história começa quando Lia recebe a notícia de que sua amiga Cassie foi encontrada morta em um quarto de motel. O mais perturbador é que, antes de morrer, Cassie ligou 33 vezes para o celular de Lia, celular que ela não atendeu e agora fica se culpando e pensando se ter atendido a ligação teria impedido a morte da amiga.
Lia e Cassie eram amigas há anos, mas nos últimos tempos tinham se afastado um pouco por causa das internações de Lia (é, ela foi internada mais de uma vez por causa de sua magreza doentia). Cassie também tinha problemas com o peso, mas no caso dela a bulimia era o mais preocupante.
Minha opinião:
Eu gosto bastante de livros de sick-lit e young adults com personagens deprimidos ou sobre bullying, mas acho que "Garotas de Vidro" foi o primeiro livro que li sobre distúrbios alimentares. E diferente de outros YA que eu amei, não consegui me conectar tanto com a história escrita pela Laurie. Fiquei bem em dúvida se daria 4 ou 3 estrelas quando fosse avaliá-lo no Skoob, acabei dando 3, considero o livro bom, mas não mais que isso.
"Não me lembro mais de como é comer sem planejar tudo, anotando as calorias e o teor de gordura e medindo meus quadris e minhas coxas para ver se mereço e geralmente decidindo que não, que não mereço, e então mordendo a língua até sangrar e fechar minha boca com arame e mentiras e desculpas enquanto uma lombriga cega se enrosca na minha traqueia, fungando e cutucando em busca de uma abertura úmida para meu cérebro." (página 203)
Lia está doente, muito doente, e não enxerga isso. Ela costurou pesos em seu roupão para que a balança utilizada por sua madrasta para pesá-la (segundo ordens médias) não mostre seu peso real, ela só diz o que sua terapeuta ou os pais querem ouvir e não a verdade, seu objetivo é chegar aos 38 quilos e ela conta as calorias de cada coisa que come (quando come alguma coisa). Lia tem pais que se preocupam com ela, sua madrasta é uma boadrasta, sua irmã caçula é uma fofura, mas só o que Lia quer é ficar sem comer.
Eu não consegui gostar da Lia, não conseguia ver nela algo além da doença, não senti que se eu pudesse entrar na história e dar algum apoio a ela faria qualquer diferença; Lia não queria ajuda! A autora disse nos agradecimentos que buscou mostrar a deterioração psicológica da personagem com precisão, e talvez por ser uma narração em primeira pessoa só o que consegui ver foi essa deterioração e não uma pessoa. Não é que alguém tenha feito algo de ruim para Cassie e Lia e que tenha desencadeado problemas psicológicos para elas, parecia que elas mesmas se meteram em um problema que se tornou maior do que elas imaginavam e as engoliu.
Enquanto lia, fiquei bem em dúvida sobre como seria o final: se a protagonista ia querer viver ou se ia se entregar como a Cassie se entregou, e confesso que o desfecho teve poucas páginas para o meu gosto. A forma de narrar escolhida pela autora acabou contribuindo um pouco para eu não dar uma nota mais alta para o livro, há muitas divagações criadas pela mente deteriorada da Lia e pouco desenvolvimento da história, partes que talvez pudessem trazer algo mais instigante (como a descoberta do que Cassie tanto queria falar em suas 33 ligações ou um personagem que trabalhava no motel e que eu achei que poderia ter mais importância) acabaram não sendo exploradas como eu gostaria.
"A adrenalina entra em ação com tudo quando você está morrendo de fome. É isso que ninguém entende. Exceto por sentir frio e fome, na maior parte do tempo sinto que sou capaz de fazer qualquer coisa. (...) Toda noite eu subo mil degraus até o céu para ficar exausta e, assim, nem me dar conta de Cassie quando vou para a cama." (página 184)
Tenho que mencionar que se levasse em conta só a parte visual do livro, já valeria a pena tê-lo na estante. A capa é linda! A diagramação é ótima: margens, espaçamento e fonte de bom tamanho, folhas amareladas e boa revisão.
Recomendaria? É um livro bom sim, que trata de um tema super importante, e que eu recomendo para quem quer ter uma ideia do que é ter um transtorno alimentar, foi uma leitura que me fez entender um pouco mais sobre a anorexia e quero ler outros livros sobre o assunto.
Releria? Talvez sim, talvez em uma segunda leitura eu conseguisse enxergar melhor a protagonista.
"Não é legal quando uma garota morre." (página 5)
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado do meu primeiro post aqui no blog da Anne. Alguém aí já leu "Garotas de vidro" ou algum livro com o mesmo tema?
Até breve!
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